
GRANOLA GIRLS e a geração good vibes que anda na contramão do autoconhecimento

Visual “descontraído”, vida de viajante, hábitos saudáveis, etc. Tudo isso pode não estar composto em uma foto. Mas é a imagem que ela remete. Hoje, o Yoga no ocidente é vendido como um Lifestyle (tem até um evento com esse nome 🤷🏼♀️). E não como autoconhecimento profundo. A verdade é que essa forma enlatada, que nos empurram goela abaixo uma vida “good vibes”, é insustentável.
A maioria das pessoas não podem ter esse “lifestyle” por uma questão óbvia: precisam trabalhar para ter dinheiro. E mesmo as pessoas que tem a possibilidade de “escolherem” ter essa vida por algum tempo, ela não é pra sempre maravilhosa como se pinta. E essa é a primeira lição do autoconhecimento profundo: inconstância. Impermanência.
A gente até consegue sustentar essa “ideia da vida ideal” por um tempo. Mas, depois, acaba virando tudo fruto do ego (que é seu amigo, sim, mas precisa andar lado a lado com a realidade), apegado nesse Si mesmo que você acha que é, que te venderam. E não quem você é de verdade. Você se perde no personagem tentando provar algo para as pessoas e para si mesmo.
E seguindo essa mesma linha, apareceu recentemente o termo Granola Girl, que tem mais de 440 milhões de visualizações em redes sociais. Mais que uma estética que dá preferência aos looks básicos e confortáveis, a expressão vem atrelada a um estilo de vida livre, desapegado e em harmonia com a natureza.
Mas, afinal, qual é o problema de gostar de um Lifestyle ao ar livre? Absolutamente nenhum. Eu também me enquadro em todas essas descrições que esse movimento propõe. O perigo, mesmo, é vender o autoconhecimento e o Yoga como se fosse um “estilo de vida” e todos os seus problemas desaparecerão, como em um passe de mágica. Dando espaço, assim, para que pessoas – sobretudo mulheres – pensem que ao praticar Yoga elas viverão, automaticamente, esse “sonho da vida perfeita”.
Isso gera mais ansiedade e comparação entre pessoas que buscam o autoconhecimento.
Recebo centenas de relatos de mulheres que quiseram começar a trabalhar com Yoga, ou praticar Yoga, por acharem que teriam uma vida como essas, mas, no fim, a realidade bate a porta, os boletos chegam. A frustração de pessoas que praticam e trabalham com Yoga tem aumentado muito por conta dessa “vida perfeita” que se espera ao começar a se aprofundar no autoconhecimento.
O saldo disso é a comparação: por que eu não consigo ter a vida perfeita que falaram que eu ia ter ao praticar Yoga? Essa frustração deixa mulheres que trabalham com essa prática cada vez menos independentes financeiramente porque, afinal, nem elas vivem isso e nem os alunos que procuravam essa prática consegue alcançar esse padrão de vida insustentável.
Mulheres do Yoga perdem seu tempo imaginando ou tentando alcançar essa vida ao invés de focar no que realmente importa: seu autoconhecimento de verdade. Elas saem dos seus empregos, começam a trabalhar com Yoga e, agora, não conseguem ver o fruto desse trabalho. Porque, simplesmente, são distraídas por promessas pueris ao invés de focarem em uma carreira sólida.