Eu sou regularmente confrontada, por pessoas que ainda não conhecem meu trabalho online, pela pergunta: “Como alunos podem fazer aulas e/ou cursos a distância se não tem o ajuste manual do professor?”. A minha resposta é muito simples: Desde quanto professores precisam tocar nos praticantes para que a prática seja eficaz?
Provavelmente você também não tenha uma resposta tão clara para essa pergunta e eu vou te dizer o porquê. A prática de Ashtanga Vinyasa trazida ao ocidente por Pattabhi Jois (um homem indiano que fazia ajustes abusivos em suas alunas mulheres) gerou uma grande relação de poder entre professor e aluno. Essa cultura se espalhou e, toda vez que nos deparamos com aulas de Yoga, nosso subconsciente já acha que é muito natural alguém ficar ali te tocando. Acaba virando uma daquelas coisas que a gente aceita, mas não sabe bem o porquê.
Recebo MILHARES de mensagem no direct com “denúncias” de professores que tocam indevidamente alunos, seguidoras que me enviam vídeos de workshops que até elas se incomodam. As pessoas mais afetadas dessa cultura do “se você entrou na minha aula, seu corpo é meu” são obviamente as mulheres.
E quando os ajustes manuais se fazem necessários? Quando o professor já demonstrou a postura, fez ajustes verbais e mesmo assim falta apenas um toque para que a postura se sustente. Esse é o último recurso. E não o primeiro. E mesmo assim, basta usar apenas as pontas dos dedos ou as mãos.
No curso de formação do YOGANDOBR os professores são avaliados na prova prática pela sua capacidade de guiar uma aula fazendo ajustes verbais, sem mover um músculo. Assim que treinamos os comandos. Quanto mais riqueza de detalhes, mais a prática é eficaz e profissionais preparados.
Existem relatos de pessoas que desistem da prática porque se sentem desrespeitadas. Por isso, acredito que o caminho seja o do meio: quem gosta de ser ajustado manualmente em aulas presenciais, avise o professor. Quem não gosta, avise também!
Entenda: O seu corpo é seu e não do instrutor!