Continuando nossa série sobre a partes do Yoga Tantrika.
Essas práticas têm o objetivo de desenvolver o caráter e compaixão para que a prática espiritual gere frutos, este desenvolvimento e transposição para a visão Tantrika está no texto Śāradā-tilaka-tantra, uma das principais matérias da nossa Formação para professores:
Nosso caráter deve ser desenvolvido dentro do nosso estilo de vida, assim mantemos o total contentamento e necessário para perseverar no caminho.
Os grandes Ṛishis viram a fragilidade do espírito humano e nos disseram: Lutem! Vamos lutar para não ferir os outros, para sermos verdadeiros e honrar estas virtudes que eles nos transmitiram!
Niyamas: Liberar! Indica a expressão refinada das qualidades da alma de acordo com suas disciplinas:
1) tapas – Austeridade, Diciplina – Nossa prática física, espiritual e o Dinacarya /Deha Suddhi matinal, entra aqui. É praticar permitindo que o fogo da disciplina purifique e queime as impurezas e condicionamentos.
2) santosha – Contentamento: Talvez o mais traiçoeiro dos Niyamas, se você somente aceitar e se contentar com tudo que acontece, a sujeira vai toda para debaixo do tapete e as magoas e rancores vão se acumular. Quando falamos em contentamento dentro do tantra, é no sentido de permitir que as emoções e energias fluam através de você, através de um processo de digestão destas emoções, no final percebemos que não somos as emoções e assim ficamos em paz e inabaláveis.
3) āstikya – Fé e devoção: Não pense em fé como um contexto exclusivamente religioso, fé é o ato de perseverar nas suas convicções e ideias. Aqui usaremos o pequeno príncipe; Astikya é a convicção de que o que é mais real e essencial é invisível aos olhos (ou outros sentidos de percepção);
4) dāna – generosidade: é dar ou doar sem expectativa de recompensa, física, material ou espiritual. Manifesta-se quando desenvolvemos a compaixão.
5) devasya pūjā – É o cultivo da devoção à potência que já nos habilita e vive através de nós e em nós, quando nos dedicamos e entendemos esta potência, removemos os obstáculos físicos e espirituais no caminho da liberação.
6) siddhānta śravaṇa – Escutar as escrituras: estudar, praticar e incorporar os ensinamentos na alma;
7) Hrī – Humildade/ Modéstia: Ser humilde e reconhecer seus erros; através do desenvolvimento da compaixão conseguimos nos arrepender dos erros, pedir desculpas e enxergar o próximo em nós, quando isso acontece passamos também a enxergar a devi em tudo e em todos;
8) mati – Contemplação, reflexão e investigação: É o desenvolvimento do da vontade espiritual e do intelecto, impulsiona nosso discernimento e nossa capacidade de enxergar as coisas como são e não como somos, neste sentido, mati é não tomar como verdade absoluta nenhuma afirmação ou experiência, sem uma profunda reflexão, contemplação e investigação destas.
9) japa – Recitar Mantras: talvez o mais simples dos Niyamas em sua definição, mas complexo na prática, cada mantra tem uma prescrição, uma maneira de fazer, as vezes a própria japa mala deve ser deixada de lado em alguns mantras. Este Niyama se refere à prática diária de mantras.
10) huta: Sacrifício e oferendas: Este Niyama refere-se aos rituais de fogo, são rituais onde direcionamos os siddhis obtidos pela prática de mantras em um ritual de fogo. O propósito do ritual é geralmente para causas boas e somente quando o sadhaka está pronto para manifestar sua prática de mantras na realidade para ajudar os outros. É feito através de um altar e os procedimentos variam de acordo com o propósito, mas no geral é um ritual para realização de desejos.
Falaremos mais dele a faremos um também em nossa Formação para Professores de Yoga.